Saúde Mental em Tempos de Pandemia: O Impacto nos Profissionais da Psicologia
- Hermelany Antunes
- 20 de mai.
- 3 min de leitura

Introdução
No final de 2019, o mundo foi surpreendido pelo surgimento do SARS-CoV-2, vírus causador da COVID-19, que rapidamente se transformou em uma pandemia global. Além dos impactos físicos, a crise sanitária trouxe consigo uma onda de adoecimento mental, afetando especialmente os profissionais da saúde, que enfrentaram jornadas exaustivas, medo constante de contaminação e luto pela perda de pacientes e colegas.
Estudos já apontam que a pandemia desencadeou um aumento significativo de transtornos como ansiedade, depressão, insônia e estresse pós-traumático entre trabalhadores da linha de frente (Silva Neto et al., 2020). Neste artigo, discutiremos os mecanismos psicológicos envolvidos nesse adoecimento, o papel da psicologia no suporte a esses profissionais e as possíveis consequências a longo prazo dessa crise na saúde mental coletiva.
A Pandemia e o Adoecimento Mental
A COVID-19 não é apenas uma doença física—ela também afeta o sistema nervoso central, podendo causar sintomas neurológicos e psiquiátricos (Szczesniak et al., 2020). Além disso, o isolamento social, a incerteza e o excesso de informações (muitas vezes falsas) contribuíram para o aumento de transtornos mentais na população geral.
Para os profissionais da saúde, no entanto, o impacto foi ainda maior. Lidar diariamente com a morte, o risco de contágio e a sobrecarga de trabalho gerou um cenário propício para o desenvolvimento de:
Síndrome de Burnout (esgotamento profissional);
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT);
Ansiedade generalizada e depressão.
Pesquisas realizadas na China e em outros países mostram que médicos e enfermeiros apresentaram taxas alarmantes de insônia (34%), depressão (50,4%) e angústia (71,5%) (Lai et al., 2020).
O Papel da Psicologia no Enfrentamento da Crise
A psicologia tem um papel fundamental na mitigação dos efeitos da pandemia na saúde mental, tanto através de intervenções individuais quanto coletivas. Algumas estratégias essenciais incluem:
1. Apoio Psicológico para Profissionais da Saúde
Grupos de suporte emocional para compartilhamento de experiências;
Terapia online para quem não pode comparecer presencialmente;
Orientação sobre autocuidado (alimentação, sono, exercícios).
2. Políticas Públicas em Saúde Mental
Implementação de programas de saúde mental em hospitais;
Capacitação de gestores para identificar sinais de adoecimento;
Campanhas de conscientização sobre estresse e burnout.
3. Intervenções Comunitárias
Redução do estigma em relação à busca por ajuda psicológica;
Promoção de redes de apoio entre colegas de trabalho;
Incentivo à resiliência através de práticas como mindfulness e terapia cognitivo-comportamental (TCC).
Conclusão: Lições e Caminhos para o Futuro
A pandemia escancarou a importância da saúde mental em situações de crise. Os profissionais da linha de frente, já sobrecarregados antes da COVID-19, viram seu sofrimento psicológico se intensificar, exigindo ações urgentes de suporte.
A psicologia, nesse contexto, não deve atuar apenas de forma reativa, mas também preventiva, ajudando a construir ambientes de trabalho mais saudáveis e políticas públicas que priorizem o bem-estar emocional.
Se há uma lição a ser tirada desse período, é que cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo—e esse é um aprendizado que deve permanecer mesmo após o fim da pandemia.
Referências
Lai, J. et al. (2020). Fatores associados a resultados de saúde mental entre profissionais de saúde expostos ao coronavírus. JAMA Network Open.
Silva Neto, J. et al. (2020). Impacto da COVID-19 na saúde mental de profissionais da saúde.
Szczesniak, D. et al. (2020). Efeitos neurológicos e psiquiátricos da COVID-19.
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